As cinco mentiras mais repetidas por Donald Trump durante a presidência dos EUA

 As cinco mentiras mais repetidas por Donald Trump durante a presidência dos EUA As cinco mentiras mais repetidas por Donald Trump durante a presidência dos EUA

 Por Moussa Garcia 

 24/01/2021

 Foi a 20 de janeiro que Donald Trump deixou de ser presidente dos Estados Unidos da América, após um mandato repleto de controvérsias e polémicas. Durante este período, o The Washington Post analisou a veracidade de milhares de declarações do antigo líder da Casa Branca e a investigação prova que o republicano difundiu uma média de 21 “fake news” por dia.

 Uma afirmação “falsa ou enganosa” a cada 69 minutos: esta é a média de Donald Trump durante o seu mandato como presidente dos Estados Unidos da América, de acordo com a investigação feita ao longo dos últimos 4 anos pelo The Washington Post.

 O centenário jornal americano verificou as declarações orais ou escritas de Trump no seu Fact Checker – um dos trabalhos de escrutínio de maior envergadura de sempre – e os números impressionam: 30.573 afirmações que mereceram a classificação de “falsa ou enganosa”, o que dá uma média diária de 21 fake news.

 A propagação de informação falsa começou logo a 21 de Janeiro de 2017 – no dia a seguir à sua posse disse 15 mentiras – e teve o seu ponto mais alto a 31 de Outubro de 2020. No antepenúltimo dia de campanha para as eleições que viria a perder para Joe Biden, Trump proferiu 371 afirmações que não correspondiam à verdade. O mês que antecedeu as eleições (Outubro) registou o maior número de declarações falsas ou enganosas feitas pelo governante republicano: 3917, ou seja, 126 por dia.

 O gráfico das fake news do antigo Chefe de estado americano mostra que estas percorreram uma trajetória sempre crescente, com uma intensificação em 2020. No último ano na Casa Branca, foram proferidas 46,8 por cento das mentiras dos 4 anos. A média diária cresceu de 16 (1º ano) para 39 (no 4º e último ano de mandato).

 Segundo a investigação do jornal americano, o novo coronavírus e a eleição de Novembro fizeram disparar as declarações falsas ou enganosas de Trump (18,2 por cento do total). Por outro lado, os temas que mais levaram o antigo presidente norte-americano a mentir foram a imigração (3225 referências), a política internacional (3165) e a corrida eleitoral contra Joe Biden (3037).

 Ações de campanha eleitoral foram o principal veículo de divulgação de informações não verdadeiras (31,3 por cento). No Twitter e no Vlog foram publicadas 16 por cento das mentiras de Donald Trump.

 De referir ainda que, nos dois dias mais marcantes do pós-eleições, o The Washington Post credita várias afirmações não verdadeiras a Donald Trump: 120 (97 sobre as eleições) a 6 de Janeiro – dia da invasão do Capitólio – e uma sobre economia e impostos a 20 de Janeiro – data da posse de Joe Biden e despedida de Washington do republicano.

 Economia, Covid-19 e eleições: o top de Trump

 Segundo a contagem do The Washington Post, estas foram as informações falsas ou enganadoras mais referidas pelo 45º presidente dos EUA, durante a estadia na Casa Branca:

 1.  Afirmação:  “Também construímos a maior economia da história do mundo … Impulsionados por essas políticas, construímos a maior economia da história do mundo.” (493 vezes)

 Avaliação: Esta mentira foi dita em média a cada dois dias – e foi mesmo repetida duas vezes no discurso de despedida. Segundo o jornal americano, as administrações de Dwight D. Eisenhower, Lyndon B. Johnson e Bill Clinton alcançaram um crescimento económico mais forte do que o conquistado pelas políticas de Trump. Além disso, a taxa de desemprego atingiu um mínimo de 3,5% com Trump, mas foi de 2,5% em 1953.

 2.  Afirmação: “Também tivemos cortes de impostos, o maior corte e a maior reforma fiscal da história do nosso país sem comparação.” (296 vezes)

 Avaliação: A promessa do governante republicano era ultrapassar a redução de impostos de Ronald Reagan em 1981. Porém, avança o The Washington Post, nem sequer se aproximou. O corte de Reagan totalizou 2,9% do PIB norte-americano da altura, enquanto Trump se ficou pelos 0,9%. Ou seja, em oitavo lugar em cem anos de história.

 3. Afirmação: “Infelizmente, o México está a enfrentar grandes problemas com o [novo] coronavírus e agora, reparem bem, a Califórnia não quer que as pessoas atravessem a fronteira sul. Um clássico! Têm muita sorte em eu ser o presidente deles . A fronteira é muito estreita e o muro está a ser construído rapidamente! ”  (258 vezes)

 Avaliação: No final de dezembro de 2020, apenas cerca de 64 km desta estrutura na fronteira tinham sido construídos em terrenos que não tinham qualquer barreira anteriormente.

 4.  Afirmação: “O que fizemos foi incrível em qualquer padrão. Reconstruímos as Forças Armadas dos Estados Unidos.” (250 vezes)

 Avaliação: Na verdade, explica o The Washington Post, o orçamento militar caiu nos últimos anos porque com o fim das guerras no Iraque e no Afeganistão houve uma redução do financiamento destas operações de contingência no exterior. O maior orçamento, com o valor ajustado pela inflação, foi o de 201o – e é quase 10% maior do que a verba prevista por Trump para 2020.

 5. Afirmação: “Estive envolvido nos dois maiores golpes da história americana: a farsa russa e o facto de agora eles estarem a tentar roubar-nos uma eleição”. (250 vezes)

 Avaliação: O antigo presidente dos EUA diz recorrentemente que ele foi vítima de uma “caça às bruxas” no caso da alegada interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, que permitiram a eleição dele. Na verdade, o então procurador especial Robert Mueller revelou detalhes de atividades criminosas significativas praticas por conselheiros de campanha de Trump e por entidades e cidadãos russos. Além disso, ele deu como provado que elementos ligados ao governo russo invadiram computadores de elementos ligados à campanha de Hillary Clinton e do Partido Democrata, tendo posteriormente disseminado os emails obtidos junto de vários intermediários, como a WikiLeaks. O objetivo era semear a discórdia nos EUA, prejudicar Clinton e ajudar Trump.

 Como explica o The Washington Post, Mueller aproveita grande parte do relatório para expor um esforço sustentado de Trump não só de inviabilizar a investigação, mas também de o afastar. “As evidências que obtivemos sobre as ações e intenções do Presidente levantam questões difíceis que nos impedem de determinar conclusivamente que não ocorreu nenhuma conduta criminosa. Assim, embora este relatório não conclua que o Presidente cometeu um crime, também não o exonera”, explica-se no documento.

Redacao: Factos de Angola

Publicar comentário