São Vicente e filho ‘arrancados’ do Standard Bank por falta de idoneidade

 

São Vicente e filho ‘arrancados’ do Standard Bank por falta de idoneidade

O banco alega falta de idoneidade por estarem em investigação.

  Por Jeremias Fungula 

01/04/2021

Lisboa Portugal

Banco quer renovar a destituição com justa causa invocando “incapacidade por impedimento e por falta de idoneidade”. São Vicente está preso preventivamente devido a uma investigação sobre corrupção, relata a Lusa.

O Standard Bank Angola convocou para 29 de Março uma assembleia-geral extraordinária que inclui na ordem de trabalhos a renovação da destituição dos administradores não-executivos Carlos São Vicente e seu filho, Ivo São Vicente.

O anúncio dá conta da intenção de renovar a destituição dos dois administradores com justa causa, invocando “incapacidade por impedimento e por falta de idoneidade”.

No caso de Carlos São Vicente, detido desde Setembro por suspeitas de corrupção, junta-se igualmente a impossibilidade física aos fundamentos de renovar a decisão tomada na assembleiageral extraordinária de 28 de Dezembro de 2020.

A destituição de Carlos São Vicente e do fi lho surgiu na sequência de uma investigação que envolve uma conta bancária do empresário na Suíça, entretanto congelada, com cerca de 900 milhões de dólares .

Entre os anos 2000 e 2016, Carlos São Vicente foi director de Gestão de Riscos da estatal angolana e presidente do Conselho de Administração da AAA Seguros — empresa da qual a Sonangol era inicialmente a única acionista.

O empresário é acusado de ter levado a cabo “um esquema de apropriação ilegal de participações sociais” da seguradora e de “rendimento e lucros produzidos pelo sistema” de seguros e resseguros no sector petrolífero. Ivo São Vicente foi também constituído arguido.

O Banco Standard anunciou a 11 de Setembro que está interessado em adquirir a posição de Carlos São Vicente na operação financeira de Angola, que está nas mãos do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE). Os 49% que Carlos São Vicente detinha, através da AAA Activos, passaram para o IGAPE após terem sido formalizadas as acusações na justiça. O aumento da participação acionista para a totalidade dos activos detidos por estrangeiros não era possível quando o banco abriu a fi lial em Angola, em 2010, mas desde então esta regra foi abolida para algumas indústrias, entre as quais a financeira.

A operação em Angola é uma das seis que mais contribui para os lucros operacionais do Standard Bank no continente africano, onde está em 20 países.

Na assembleia geral vai ser também deliberada a renovação da eleição dos administradores não executivos Patrício Vilar, também presidente do IGAPE, e de Silvano Araújo, vogal do Fundo de Garantia de Crédito. Caso não se verifique o quórum necessário para que a assembleia-geral delibere sobre os pontos elencados na ordem de trabalhos, os acionistas são convocados para o dia 14 de Abril.

O empresário luso-angolano Carlos São Vicente está detido desde Setembro, em Luanda, por suspeitas de corrupção, tendo a prisão preventiva sido prolongada, segundo um despacho de 20 de Janeiro da PGR por mais dois meses. Carlos São Vicente está também a ser investigado na Suíça por suspeita de branqueamento de capitais.

A AAA Activos tinha até Setembro do ano passado uma posição minoritária de 49% no Standard Bank Angola, onde o empresário era administrador não executivo.

Em entrevista à Lusa, em Janeiro, Irene Neto, mulher do empresário e filha do primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, afirmou que “todas as posições” de organismos judiciais do seu país têm um “substrato político” e que há “grande pressão” no período eleitoral, considerando que foi “precipitada a tomada de decisão” da justiça de aplicar a medida de prisão preventiva ao marido.

Redacao: Factos de Angola

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