Presidente Moçambicano Filipe Nyusi nomeia novo chefe das Forças Armadas
Filipe Nyusi nomeia novo chefe das Forças Armadas
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, nomeou, ontem, Joaquim Rivas Mangrasse para o cargo de chefe do Estado Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), informou a Presidência em comunicado a que Maka Mavulo News teve acesso.
Por Andrade Michael Huambo Maputo Moçambique
15/03/2021
Joaquim Rivas Mangrasse, que também foi promovido a almirante, sucede no cargo a Eugénio Mussa, que morreu vítima de doença, em Fevereiro, três semanas após a sua nomeação para a função. Até à data da sua nomeação, Joaquim Rivas Mangrasse era chefe da Casa Militar da Presidência da República desde 2015.
Além da nomeação de um novo chefe do Estado-Maior General, Filipe Nyusi realizou alterações na estrutura das Forças Armadas de Defesa, com destaque para as indicações de Cristóvão Artur Chume para o cargo de comandante do ramo do Exército e Cândido José Tirano para comandante do ramo da Força Aérea.
As alterações na estrutura orgânica das Forças Armadas ocorrem num momento em que o Exército se desdobra em operações para travar grupos armados que têm protagonizado ataques, desde 2017, em distritos mais a Norte da província de Cabo Delgado.
Entretanto, um estudo revela que as províncias de Nampula e Niassa, Norte, são campos de recrutamento dos membros dos grupos armados que atacam Cabo Delgado. A conclusão consta do estudo “Afinal, não é só Cabo Delgado! Dinâmicas da insurgência em Nampula e Niassa”, realizado pelos pesquisadores Salvador Forquilha e João Pereira, do IESE.
“Embora Cabo Delgado continue a ser o epicentro da violência que se vive no Norte de Moçambique, evidências no terreno mostram que a insurgência tem ramificações geográficas complexas, através da instalação de células religiosas de tendência radical e mecanismos de recrutamento fora de Cabo Delgado, com destaque para Nampula e Niassa”, diz a análise dos investigadores.
Os dois especialistas, que são também docentes universitários, consideram que a violência em Cabo Delgado exige que se deixe de olhar para esta província como “uma ilha”, passando a prestar atenção “às dinâmicas presentes nas outras duas províncias” de Moçambique. No trabalho, os pesquisadores do IESE constataram que Nampula e Niassa albergam uma rede de recrutamento de “combatentes” dos insurgentes que actuam em Cabo Delgado. Essa rede, prosseguem, emergiu de células islâmicas radicais criadas por religiosos moçambicanos e estrangeiros.
Antes do primeiro ataque a Mocímboa da Praia, que marcou o início da insurgência em Cabo Delgado, a 17 de Outubro de 2017, já havia evidências da existência de células religiosas de tendência radical em alguns distritos de Nampula e Niassa, observam Salvador Forquilha e João Pereira.
“Com a eclosão da violência armada, essas células passaram a funcionar como elementos importantes no recrutamento para engrossar as fileiras dos insurgentes em Cabo Delgado”, notam.
Salvador Forquilha e João Pereira assinalam que as etapas que conduziram à violência em Cabo Delgado são semelhantes à criação de células em Nampula e Niassa. “Primeiro, são estabelecidas as células religiosas e, mais tarde, as células militares”, destacam os dois pesquisadores.
Com base em entrevistas, Forquilha e Pereira referem que as células são estabelecidas por cidadãos moçambicanos e tanzanianos. Os investigadores do IESE referem que, na província de Nampula, os militantes do islão radical tentaram abrir mesquitas no distrito de Memba em 2016 e na zona de Mutotope, arredores da cidade de Nampula, em 2017.
Acção melhor coordenada
Salvador Forquilha e João Pereira defendem que o radicalismo islâmico em Nampula e Niassa só não evoluiu para a violência armada, porque “houve uma acção melhor coordenada entre as autoridades governamentais e as lideranças religiosas muçulmanas na denúncia dos elementos do grupo e, nalguns casos, a sua neutralização”.
Por outro lado, as dificuldades de mobilização de uma logística militar para desencadear a “guerra” também travaram a violência armada de matriz islâmica na duas províncias, continua a avaliação dos especialistas.
“Apesar disso, nas zonas onde o grupo conseguiu estabelecer células religiosas de tendência radical, essas passaram a funcionar como polos importantes de recrutamento de jovens com vista à sua integração nas fileiras do al-Shabaab em várisos distritos de Cabo Delgado”, lê-se no estudo. Salvador Forquilha e João Pereira avançam que os jovens são recrutados sob promessa de emprego com salários altos. Os distritos do litoral da província de Nampula, no-meadamente Angoche, Mossuil, Nacala a-Porto, Nacala-a-Velha e Memba são os principais pontos de recrutamento de jovens para os grupos armados.
Na província de Niassa, os jovens são recrutados nos distritos que fazem fronteira com a Tanzânia, designadamente, Lago, Sanga e Mecula.
“Os al-Shabaab estruturam o seu discurso de recrutamento com recurso à manipulação de factores de ordem não só religiosa como também de contestação ao Estado moçambicano”, diz a análise
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