UNITA diz que apoios são bem-vindos e que “marimbondos” estão no poder
O líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse hoje que todos os apoios à sua candidatura são bem-vindos e reiterou que não faz parte da família dos “marimbondos”, expressão celebrizada pelo seu adversário João Lourenço para designar corruptos.
O candidato da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) a Presidente da República, Adalberto da Costa Júnior falou na sede do partido em Luanda, onde manteve encontros com diversas entidades entre os quais o embaixador norte-americano Tulinabo Mushingi, após ter percorrido várias províncias angolanas, no âmbito da campanha eleitoral.
Reforçando que “não tem dinheiro” e rejeitando estar a ser financiado pela família dos Santos, sobretudo as filhas mais velhas que estão em rota de colisão com Lourenço, que sucedeu a José Eduardo dos Santos em 2017, o líder da UNITA disse que “todo o apoio é bem-vindo”, referindo-se ao apoio de Tchizé dos Santos à sua candidatura.
“Ela entende que deve dar esse apoio, é bem-vindo, não é nada de extraordinário. Mas não é só a Tchizé, ontem viu o Marcolino Moco a dar esse apoio [ex-dirigente do MPLA e primeiro-ministro de Angola entre 1992 e 1996]. Também nos deu dinheiro?” ironizou, desafiando o regime a “publicar os apoios que recebemos”.
E insistiu que João Lourenço “não deve perseguir os seus adversários”, perguntando: “Os ‘marimbondos’ não são eles, não estão lá entre todos?”.
Adalberto da Costa Júnior afirmou que “o regime cometeu muitas asneiras ao longo dos anos”, com as quais está a ser confrontado, o que levou “parte destes membros” a apelar ao voto na UNITA.
“O problema é esse”, vincou.
Questionado sobre o potencial de atrito invocado pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) para desencorajar o movimento “Votou, Sentou”, face ao qual o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e outros dirigentes de partidos da oposição manifestam também discordância, Costa Júnior insistiu que é necessário para defender o voto e que o ato não viola a lei.
“O que nós temos vindo a apelar é: votou, sai da assembleia e fica nas imediações. Não tem nada que viole a lei e é uma absoluta necessidade, na medida em que temos um processo eleitoral eivado de absoluta ilegalidade”, apontou, reiterando o apelo para que os cidadãos “saibam defender o seu futuro”.
Adiantou que a UNITA tem preparado um vasto dossiê com provas sobre o “descaminho” e denunciado as violações eleitorais através de queixas junto das entidades judiciais, que têm sido arquivadas ou ficado sem resposta, acusando os tribunais de estarem reféns do poder político.
Sobre a discordância de dirigentes de outros partidos da oposição, entre os quais a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS) e Aliança Patriótica Nacional (APN), que se mostram contrários ao movimento, considerou que são “declarações manipuladas” e que se mantêm o “grande desafio” de ver o fim do partido único.
“Nós temos partidos que não foram legalizados porque o regime não quis e temos partidos que foram legalizados porque o regime quis, estamos conscientes do que se está a passar”, destacou, numa alusão ao projeto político PRA-JA Servir Angola do seu número dois da lista e candidato a vice-presidente, Abel Chivukuvuku.
Sobre a campanha da UNITA diz que tem recebido “um fortíssimo apoio popular “ que demonstra que o partido pode, de facto, ganhar eleições, sem precisar de violar a lei, de manter mortos nos cadernos eleitorais ou “obrigar cidadãos a irem aos comícios”.
Sobre as tentativas de boicote da campanha que imputa aos adversários do MPLA, considerou que “infelizmente, é uma prática” que demonstra que “este é um país partidário”.
“Nesta campanha pelo leste, encontrámos bomba [de combustível] atrás de bomba, tudo fechado, um carro que ficou para trás e passou depois de nós encontrou as bombas todas abertas. São questões graves, mas levámos logística a contar com isso”, relatou.
No encontro com o embaixador dos Estados Unidos da América, que tem estado a reunir-se com todas as presidências partidárias com representações na Assembleia Nacional, Adalberto da Costa Júnior aproveitou para fazer “uma reflexão sobre os desafios da campanha” e uma abordagem às eleições.
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