“Relação Portugal-Angola entrou numa fase de maturidade”

“Relação Portugal-Angola entrou numa fase de maturidade”

“Gostaria muito que assinalássemos conjuntamente o 25 de Abril” que está prestes a celebrar o seu cinquentenário, em 2024, tal como acontece com Angola que comemora os seus 50 anos como país independente em 2025.

Francisco Alegre Duarte, embaixador de Portugal em Angola
Francisco Alegre Duarte, embaixador de Portugal em Angola

“Relação Portugal-Angola entrou numa fase de maturidade”
O embaixador português em Luanda considera que a relação Portugal-Angola é hoje pautada pela “maturidade”, depois de ultrapassados os “irritantes” e com a passagem do tempo a amenizar a “turbulência” recente entre os dois países.

Em entrevista à Lusa, divulgada ontem, Francisco Alegre Duarte, embaixador de Portugal em Angola, considera que as “relações hoje em dia são excelentes, sem os chamados irritantes, pautadas pela igualdade, fraternidade e acima de tudo maturidade”, reconhecendo que a passagem do tempo “ajudou”.

“Tivemos uma guerra colonial, houve uma revolução em Portugal, houve uma descolonização turbulenta, houve uma guerra civil e grandes mudanças em Angola, nomeadamente em termos demográficos, o que tem também repercussões políticas”, salientou, notando que a idade média da população angolana é de 17 anos, o que significa que a maior parte dos angolanos nasceu depois da guerra civil (que acabou em 2002) e da Independência, conquistada em 1975.

“Eu não sofro de complexos coloniais ou neocoloniais. Acho que é tempo de termos entre nós uma relação madura e exigente e esse tempo já chegou”, enfatizou o diplomata, sublinhando que as relações “são excelentes” e “cúmplices”, como comprova a relação entre os dois Presidentes, João Lourenço, e Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve em Angola por duas vezes no ano passado. Para Francisco Alegre Duarte, a “dita turbulência permitiu construir uma relação entre iguais” que tiveram, de certa forma, “uma libertação conjunta”.

“Gostaria muito que assinalássemos conjuntamente o 25 de Abril” que está prestes a celebrar o seu cinquentenário, em 2024, tal como acontece com Angola que comemora os seus 50 anos como país independente em 2025.

“Isto está tudo ligado”, comenta, assinalando que a aproximação de Portugal a Angola não se resume ao plano económico, estendendo-se às Artes e à Cultura, com destaque para artistas como o humorista Gilmário Vemba ou músicos como Matias Damásio, Paulo Flores, Yuri da Cunha que gozam de grande popularidade nos dois países. “Há aqui um enorme manancial de oportunidades e não pode ser o Estado a fazer tudo”, prosseguiu, incentivando os grandes clubes portugueses a criar academias em Angola e as universidades a adoptarem um papel “mais agressivo” no que diz respeito, por exemplo, à captação de alunos. Apesar do número de emigrantes ter vindo a diminuir desde 2015, Angola continua a atrair portugueses.

Segundo o último relatório do Observatório da Emigração, Angola encontrava-se no top 10 dos destinos favoritos – o único não europeu – existindo actualmente mais de 127.000 portugueses registados (dos quais 60% com dupla nacionalidade). Uma atracção que se justifica, segundo Francisco Alegre Duarte, devido à “relação densa” e às ligações familiares com Portugal, bem como a História, a língua e as relações económicas.

“É uma comunidade diferente da que temos na África do Sul, Venezuela ou Brasil, é muito entrosada, muito ligada por laços familiares à sociedade angolana e que prefere pautar a sua presença pela discrição”, descreve o embaixador, apontando entre as suas prioridades o reconhecimento do “contributo que os portugueses dão para a economia e sociedade angolana”.

Redacao: Factos de Angola

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