“Se o governo não resolver a questão da carteira dos taxistas vamos decretar uma nova greve entre os meses de Julho ou Agosto do corrente ano, em protesto”

Angola: Taxistas planeiam nova greve e exigem carteira profissional
A Associação dos Taxistas de Angola (ATA) promete decretar uma nova greve caso o Executivo de João Lourenço não resolva, nos próximos meses, a questão da atribuição de carteira profissional apresentada no caderno reivindicativo remetido às autoridades competentes no ano transacto.

Rafael Inácio, responsável da organização, voltou a abordar sobre o assunto no passado dia 30 de Janeiro, numa conferência de imprensa realizada pelos “homens do volante” no município de Cacuaco, em Luanda.

“Se o governo não resolver a questão da carteira dos taxistas vamos decretar uma nova greve entre os meses de Julho ou Agosto do corrente ano, em protesto”, advertiu o presidente da Associação dos Taxistas de Angola.

Segundo o mesmo, o assunto ligado à carteira profissional para os taxistas consta no caderno reivindicativo apresentado ao governo antes da paralisação registada em Janeiro de 2022, pelas três associações dos taxistas, nomeadamente: ANATA (Associação da Nova Aliança dos Taxistas de Angola), ATA (Associação dos Taxistas de Angola) e ATL (Associação dos Taxistas de Luanda).

“Caso o Estado não atender aquilo que é o nosso maior propósito e objectivo, não temos dúvidas de que haverá uma nova paralisação”, assegurou.

De acordo com o mesmo, o tema da carteira profissional para os taxistas voltou à baila, ou seja, à mesa, por ser um dos pontos mais relevantes que as três instituições privadas pretendem ver resolvida no sentido de ver a classe profissionalizada.

“Estamos a utilizar todos os mecanismos necessários e dialogar com quem de direito para encontrarmos um meio termo sobre o assunto que nos preocupa. Caso esgotamos todos os meios e o governo mantenha a sua posição, não nos restará outra saída senão optar por uma nova paralisação de forma ordeira e pacífica”, rematou Rafael Inácio, citando o artigo 47.º da Constituição da República.

ANATA quer carteira neste trimestre

Recentemente, a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA) manifestou igualmente o desejo de ver ultrapassada a questão da carteira profissional para todos os que exercem a referida actividade.

O projecto da carteira profissional, que faz parte de um conjunto de prioridades da associação, segundo o seu presidente, Francisco Paciente, vai contribuir para a melhoria da situação do taxista e beneficiar, igualmente, o Executivo.

Em função da importância que a ANATA atribui à carteira profissional, Francisco Paciente apela ao Executivo para “um maior bom senso”, tendo em conta que esse projecto tem já vários anos de espera. “Afastamos qualquer possibilidade de existir falta de vontade política de o fazer”, disse, para apontar a falta de comunicação e interpretação como factores do atraso.

O presidente da ANATA lamenta o facto que ilustra, nos dias de hoje, em que qualquer cidadão, mesmo sem habilitações legais, poder segurar num veículo e entender exercer a actividade de táxi. “Isto é um atentado à segurança das pessoas, uma anarquia que a carteira profissional pode acabar”, reforçou.

Quanto ao Decreto Presidencial nº 128/10, que estipula a actividade de táxi como actividade ocasional, em que as pessoas não precisam de ter qualificação para o fazer, o responsável associativo defende que se deveria obrigar os taxistas a estudar, ou seja, ter uma formação ética e deontológica, para conhecer o Código de Estrada e a própria cidade em que vive.

Além da questão da carteira profissional, Francisco Paciente avançou que a ANATA pretende materializar, neste ano, o projecto da instalação do “Táxi One”, um aplicativo de gestão, controle e monitoramento de taxistas.

De realçar que a 10 de Janeiro de 2022, as associações ANATA, ATA e ATL paralisaram os seus serviços, provocando caos na cidade capital.

Na altura, os taxistas queixavam-se do excesso de zelo dos agentes policiais de que são alvo e do mau estado das estradas e exigiam a profissionalização da actividade e formalização do anúncio do regresso à lotação a 100% dos transportes colectivos.

Por : Mido dos Santos