
A Batata Podre da Justiça angolana
A Batata Podre da Justiça
Dizem que o que está na moda em Angola é falar da podridão no judiciário. Também dizem que a batata podre da justiça é poderosa e intocável. Outros dizem que a nossa justiça está a ficar cada vez mais podre.
Nisso, sinto pena dos bons juízes, aqueles que, injustamente, estão a ser tachados de a farinha do mesmo saco. Tudo isso por causa de um grupinho de “chicos-espertos” – os famosos juízes cara-de-pau, que não deixam passar nenhuma oportunidade para sugar alguns tostões dos bolsos de cidadãos que, por um ou outro motivo, estejam a contas com a justiça. Isso mesmo já foi denunciado publicamente por gente muito competente e responsável. Até ao momento ninguém foi responsabilizado: nem os acusados nem os acusadores. Por quê?!
Actualmente, há uma série de informações feias a circular insistentemente nas redes sociais que comprometem e envergonham qualquer pessoa decente. O visado é chefe de família (presumo que tenha filhos e netos).
É vergonhoso o que se fala dessa entidade… O pior nisto é que, para além de manchar o seu bom-nome, a família também é directamente afectada. Por outro lado, coloca em maus lençóis os seus colegas. Fica-se com a impressão de que todo mundo do judiciário é candongueiro: fazem e desfazem, mas nada lhes acontece. Como se diz: a cara dele tipo nada!
Fazer de conta que não há nenhum ruído na justiça é o mesmo que tapar o sol com a peneira. Até quando?! Se o acusado é inocente, por que não move processos contra aqueles que o difamam gravemente?
O desejável seria que sempre que houvesse suspeições contra alguém, para o bem das instituições, a pessoa em causa deveria ser a primeira a disponibilizar-se para a apuração dos factos. Isso não implicaria necessariamente, salvo melhor entendimento, que se colocasse o lugar à disposição, mas, pelo contrário, disponibilizar-se para a investigação – permitindo que se faça auditoria às contas, abrir portas e deixar que os órgãos afins façam o seu trabalho. Agindo assim, ficaria mais do que claro que o cidadão em causa é civilizado e, sobretudo, não tem receio da justiça de que ele próprio faz parte, uma vez que confia nessa justiça – porque ela é justa. Outrossim, seria uma bela oportunidade para demonstrar que não se serve do cargo que ocupa para ter uma vida luxuosa: carros caríssimos, casas no estrangeiro e no país (que o salário não suporta); férias na Europa, quando bem entende, enfim. É esse tipo de magistrados que não garante qualidade na justiça.
Quando se coloca os bens materiais como o verdadeiro fim da justiça, não se pratica justiça. Quando o coração de juízes está atrás dos 10% de tudo que for recuperado da corrupção, também não se faz justiça. Apenas gente incompetente se aproveita da desgraça ou aflição alheia para tirar vantagens.
Enquanto a batata podre não for excomungada do Tribunal Supremo, é melhor dizer: adeus à nossa justiça!
Luanda, 14 de Maio de 2023.
Gerson Prata