
SHEIKH MUHAMMAD AMINUDDIN “O Islão não é ruim, vamos limpar a imagem negativa”
SHEIKH MUHAMMAD AMINUDDIN “O Islão não é ruim, vamos limpar a imagem negativa”
O Conselho Islâmico de Angola (CONSIA) e a sua congénere de Moçambique estão a desenvolver acções para a sua afirmação na luta contra o
extremismo religioso e a defesa dos direitos humanos, assim como vão demonstrar para a sociedade angolana que “o Islão não é ruim”Em função desta acção e no âmbito da cooperação entre os conselhos de Angola e de Moçambique está no nosso país desde terça-feira, 21, em visita de trabalho de cinco dias o presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, o Sheikh Muhammad Aminuddin. Nesta estadia, o religioso vai visitar algumas mesquitas situadas em Luanda, assim como manterá uma abordagem sobre os desafios locais da cooperação bilateral e da participação das duas congêneres no contexto da comunidade dos países de língua portuguesa. Segundo a agenda, a que o Jornal Pungo a Ndongo teve acesso, Muhammad Aminuddin manterá encontros com entidades do Executivo angolano, assim como terá um encontro com estudantes do Islão e com empresários nacionais.
Nesta sexta-feira e amanhã, sábado, respectivamente, deverá proferir palestras com alguns temas como ‘A obrigação do muçulmano frente ao que acontece na Palestina e em outras partes do mundo’, ‘As consequências da falta de união entre os muçulmanos’, ‘Um olhar sobre os direitos
de um muçulmano sobre outro muçulmano no actual contexto’, ‘A situação dos muçulmanos nos dias de hoje’, e ‘A irmandade muçulmana; palestina- valor histórico e religioso’.
Em conversa com a imprensa logo a sua chegada em Luanda no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o Sheikh Mohammad Aminuddin, manifestou a sua satisfação de voltar em Angola,.”É uma expectativa muito grande de voltar em Angola no sentido de me encontrar com os meus irmãos muçulmanos para trocarmos experiências “O Islão não é ruim, vamos limpar a imagem negativa”
SHEIKH MUHAMMAD AMINUDDIN SOCIEDADE
Devemos criarmos canais de colaboração entre nós”, apontando que “uma vez que somos países falantes da Língua Portuguesa, tenho a certeza que poderemos nos juntar para os nossos esforços comuns, e contribuirmos para o bem das nossas sociedades e em especial para a humanidade em
geral”.
Imagem negativa “Esta viagem estava agendada há bastante tempo. Mas é para dizer que já estive em Angola em 1986 e já passaram 37
anos. Sempre tive a esperança de que um dia iria voltar, e hoje graças a Deus esse desejo acontece”, lembrou Mohammad Aminuddin.
“Hoje o número de muçulmanos em Angola é muito maior em relação ao passado. Por isso sei que essa minha estadia será muito útil. Vamos criar canais de colaboração entre nós.
Não só entre Moçambique e Angola, mas a expectativa é que todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) estejam juntos para o mesmo objectivo”. Um objectivo principal que passa, como sublinhou, por “limparmos a imagem negativa que muitas das vezes é propagada contra o Islão”.
Essa propagação das imagens negativas, indicou o religioso, é feita por ignorantes que não conhecem a realidade. “Começam a olhar para a religião islâmica com outros olhares, então isso faz parte da nossa visita para esclarecer aos irmãos e criamos canais apropriados para passarmos as nossas mensagens. Queremos demonstrar à sociedade que temos um islão muito mais moderado, recto e longe das campanhas
negativas, porque as pessoas apresentam a nossa religião com imagem que não corresponde com a verdade”, concluiu Aminuddin.
Que corrente é?
O Islão (submissão à vontade divina), em árabe, reúne 1 bilião e 800 milhões de crentes por todo o mundo.
É a segunda maior religião a seguir aos cristãos. Objecto de uma expansão constante que é favorecida por uma forte demografia, não se limita
ao mundo árabe. Com efeito, os países muçulmanos mais povoados, como o Bangladesh ou a Indonésia, testemunham a diversidade das suas zonas geográficas de desenvolvimento.
O Altas das Relações Internacionais, explica que por altura da morte do profeta Muhammad, uma luta política pela sua sucessão esteve na origem de uma distinção entre duas correntes importantes: o sunismo,que representa 83 por cento da população muçulmana, e o xiismo, 16 por cento. O wahabismo, corrente do sunismo, ilustra por seu lado o problema da modernidade com o qual o Islão se encontra, mais do que nunca, confrontado, neste início do século XXI.
Pregando uma fé rigorosa e uma interpretação literal da sharia (lei muçulmana), algumas correntes fundamentalistas erguem-se contra muitas práticas, consideradas como inovações incompatíveis com a pureza da religião dos tempos antigos. Estas doutrinas conhecem actualmente um
sucesso relativo junto dos países do sul.
Para estes últimos, o Islamismo pode parecer um elemento federador face à ‘perda de identidade’ que se imputa a uma dinâmica de modernização excessiva ou ao.“Queremos demons- trar à sociedade que temos um islão muito mais moderado, recto e longe das campanhas negativas, porque as
pessoas apresentam a nossa religião com imagem que não cor- responde com a verda- de”
Por:Domingos Cazuza